Hoje é 23 de novembro de 2024 16:53

Motorista de carreta envolvida em acidente com PMs é indiciado por homicídio doloso

Delegado entendeu que o condutor do caminhão assumiu o risco de causar o acidente que matou 4 policiais do Comando de Operações de Divisa, no dia 24 de abril
Inquérito policial aponta que veículo dirigido pelo caminhoneiro invadiu uma faixa contrária em um local em que a ultrapassagem era proibida, atingindo velocidades entre 110 e 120 km por hora // Foto: Redes sociais

A Polícia Civil de Cachoeira Alta concluiu o inquérito e indiciou por homicídio doloso o motorista de um caminhão envolvido em acidente com uma viatura da Polícia Militar de Goiás que resultou na morte de quatro policiais. O acidente de trânsito ocorreu no dia 24 de abril, na BR-364, entre Caçu e Jataí.

Morreram no acidente o subtenente Gleidson Rosalen Abib, 34 anos; o 1º sargento Liziano José Ribeiro Júnior, 44 anos; o 3º sargento Anderson Kimberly Dourado de Queiroz, 42 anos; e o cabo Diego Silva de Freitas, 33 anos. Todos estavam lotados no Comando de Operações de Divisas (COD).

Para o delegado responsável pelo caso, Guilherme Oliveira (foto), ao final do inquérito restou comprovado que o caminhoneiro que dirigia um veículo que saía de Jataí e ia para Ribeirão Preto, invadiu uma faixa contrária em um local em que a ultrapassagem era proibida, atingindo velocidades entre 110 e 120 km por hora. Com isso, bateu com a viatura do Comando de Operações de Divisas (COD) da PM, que vinha no sentido contrário.

“Em razão dessa manobra, vitimou os quatro policiais. Foram realizadas diversas diligências, diversas oitivas. O laudo policial, também finalizado, pôde comprovar que o motorista do caminhão de fato estava na faixa contrária à qual deveria estar, ou seja, na contramão, em um local de ultrapassagem proibida e com velocidades entre 110 e 120 km por hora, motivo pelo qual a Polícia Civil finalizou o inquérito entende que esse motorista praticou um homicídio doloso, ativo de dolo eventual e não homicídio culposo do Código de Trânsito Brasileiro”, afirma o delegado.

O indiciamento por dolo eventual, quando a pessoa assume o risco na produção de um resultado, é raro em acidente de trânsito, especialmente quando não se trata de embriaguez ao volante. O delegado deixou a entender que levou em conta para sua decisão de indicar por homicídio doloso “as diversas circunstâncias” e “a irresponsabilidade da manobra realizada, que vitimou quatro policiais militares do COD que estavam em trabalho”.

Na sexta-feira o motorista da carreta foi preso na Rodovia BR-153 e encaminhado a presídio. A prisão foi decretada pela Justiça após a conclusão do laudo da perícia indicando a invasão da pista contrária pela carreta. A Polícia Técnico-Científica criou uma animação para explicar como aconteceu o acidente.

Em depoimento à polícia, o motorista da carreta disse que estava dirigindo corretamente na sua pista e a viatura teria feito uma manobra que, por algum motivo, acabou colidindo lateralmente com a carreta. Disse ainda que a batida foi quase que com a lanterna do caminhão com a lanterna da viatura.

Outro lado: defesa contesta versão da polícia

No sábado a advogada Lorena Magalhães, que defende o caminhoneiro, disse que as informações divulgadas sobre o acidente não são verídicas, o que tem trazido problemas com perseguições e ameaças ao caminhoneiro. A advogada afirma que ele tem colaborado na investigação e mesmo morando em outro estado nunca deixou de atender às solicitações da investigação.

Lorena Magalhães lembra que o caminhoneiro se apresentou à polícia espontaneamente para prestar depoimento e destaca que a prisão dele parece atender ao clamor público já que o acidente, segundo ela, foi uma fatalidade.

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