O primeiro debate na TV entre os candidatos que disputam a prefeitura de Goiânia, realizado e transmitido na noite desta quinta-feira (8/8) pela TV Sucesso Band, foi marcado pela ausência do senador Vanderlan Cardoso (PSD) e tentativa de apresentação de propostas. Sem ataques diretos, o debate transcorreu de modo morno, com raros momentos em que o bolsonarista Fred Rodrigues (PL) alfinetou os concorrentes.
Moderado pelo jornalista Paulo Carneiro, o debate contou com presença de Adriana Accorsi (PT), Matheus Ribeiro (PSDB), Rogério Cruz (Solidariedade) e Sandro Mabel (União), além de Fred. Vanderlan foi convidado, teria confirmado presença, mas informou que não participaria, devido a compromisso em Brasília. Além desses candidatos, Professor Pantaleão (Rede Sustentabilidade) é candidato a prefeito de Goiânia.
Em quatro blocos, os candidatos fizeram perguntas entre si e também foram instigados a apresentar propostas para áreas da prefeitura enviados por telespectadores e comentar temas selecionados por veículos parceiros da TV. Ao final, cada candidato teve a oportunidade de fazer suas considerações finais, consolidando suas propostas e destacando pontos-chave de suas campanhas para as eleições municipais de Goiânia em 2024.
Como era de se esperar, a gestão do atual prefeito Rogério Cruz foi alvo de críticas. Ele rebateu citando obras e entregas de sua gestão. De modo geral, os candidatos apresentaram propostas para algumas áreas, porém sem detalhar como pretendem colocá-las em prática e com quais recursos.
Leia resumo dos embates
No primeiro bloco, cada candidato pôde fazer pergunta a um concorrente por meio de sorteio, podendo abordar qualquer tema. Matheus Ribeiro, ao dirigir-se a Adriana Accorsi, acabou criticando a “velha política” que, segundo ele, domina o poder na capital e se colocando como candidato da “renovação”. Accorsi aproveitou para expor propostas para a cidade, dizendo que Goiânia encontra-se “abandonada”.
Adriana questionou Sandro Mabel sobre as propostas dele para a saúde da capital. O emedebista respondeu prometendo ampliar o atendimento pediátrico enquanto a petista replicou dizendo que vai resolver o problema das filas e a construção de um Hospital Municipal com verba federal.
Terceiro a fazer pergunta, Mabel indagou Rogério Cruz sobre habitação. O prefeito disse que sua gestão em entregado casas, inclusive com escrituras, enquanto Mabel prometeu construir, no mínimo, 15 mil casas populares e regularizar a documentação de 40 mil imóveis.
Cruz então perguntou a Fred Rodrigues sobre a cobertura vacinal e este aproveitou para criticar a gestão municipal durante a pandemia, dizendo que o Governo federal mandou vacinas, mas o município demorou para aplicá-las.
No último embate, Fred disse que Ribeiro sobre fala em renovação política mas, na verdade, representa velhos grupos que dominaram a política estadual por 16 anos, citando os quatro mandados do ex-governador Marconi Perillo (PSDB).
Matheus Ribeiro rebateu dizendo que a experiência de Fred Rodrigues é mais “em ser cassado”, em referência à cassação do mandato de Fred como deputado estadual, por irregularidade na prestação de contas à Justiça Eleitoral de campanha anterior.
O segundo bloco foi propriamente onde os candidatos puderam apresentar algumas propostas, ainda que de modo superficial. Cada um respondeu perguntas da população.
Para a saúde, Mabel propôs acompanhar a vacinação de todas as crianças e atendimento de emergências pediátricas 24h. Falando sobre educação, Cruz destacou melhorias no Ideb e investimentos em escolas durante sua gestão. Instado a falar sobre infraestrutura, Fred criticou a ingerência política nas secretarias da atual gestão da capital. Sobre transporte e mobilidade, Ribeiro criticou obras que se arrastam há anos na capital e propôs a criação uma companhia de engenharia de tráfego, para modernizar o trânsito na cidade. Ao falar sobre geração de emprego e primeiro emprego, Accorsi defendeu qualificação profissional e o diálogo com o setor produtivo e citou o programa Cidadão 2000, criado durante a gestão de seu pai, Darci Accorsi, foi prefeito, nos anos 1990.
Concorrentes citam projetos, de forma superficial
O terceiro bloco, no mesmo formato do primeiro, cada candidato pode fazer perguntas diretas a um concorrente, porém com perguntas anteriormente definidas pelos organizadores do debate. Ribeiro questionou Mabel sobre geração de emprego e renda, ressaltando a falta de oportunidade de trabalho para os jovens e perguntou Mabel quantos cabos eleitorais ele iria contratar par a campanha. Mabel evitou polarizar e citou a importância da profissionalização, ao citar sua gestão na Fieg, onde dobrou o número de alunos no Sistema S e criou laboratórios de robótica. Em réplica, Ribeiro voltou a bater na tecla de que é o candidato da renovação política, citando que vai criar uma “escola de oportunidades” ensinando as pessoas a trabalhar com marketing digital.
Mabel questionou Rogério Cruz sobre políticas de transporte público e trânsito. O prefeito disse que quando assumiu enfrentou o problema e criou subsídio para evitar aumento da tarifa e modernizou o sistema, com adoção de tecnologias como o bilhete único. Destacou ainda a continuidade das obras do BRT Norte/Sul, que deve ser parcialmente entregue ainda durante sua gestão. Na réplica, Mabel disse que o transporte precisa melhorar muito e que não acredita que o prefeito entregará toda a obra do BRT. Prometeu trocar 200 ônibus a cada semestre, colocar ar-condicionado nos veículos e construir pontos de ônibus.
Rogério Cruz perguntou Adriana Accorsi sobre saúde, dizendo que criou o Hospital da Mulher. Adriana disse que a ampliação da Maternidade Célia Câmara teve recursos de R$ 1 milhão que ela mandou de Brasília via emenda parlamentar. Ela voltou a dizer que vai construir o Hospital Municipal, valorizar os trabalhadores da saúde zerar as filas de consultas, exames e procedimentos médicos, além de fortalecer programas federais como Samu e Sorridente. Em réplica, Cruz afirmou que o atendimento domiciliar na saúde a pessoas com dificuldade de locomoção e a atenção básica tem sido ampliada em sua gestão; garantiu que aumentou o atendimento odontológico e nas unidades de saúde em geral.
Adriana Accorsi mencionou o problema da coleta de lixo na capital e perguntou qual proposta de Fred Rodrigues para a limpeza urbana e melhorias na infraestrutura. Rodrigues fez questão de vincular Adriana ao PT e disse que, se eleito, fará o contrário das administrações petistas. Defendeu gestão técnica para as secretarias e não por indicações políticas. Adriana voltou a citar sucessos da gestão de seu pai e pontuou que a Comurg é um problema complexo que vai além da coleta de lixo. Defendeu auditoria profunda no órgão municipal para se chegar a uma solução definitiva.
Por fim, Fred Rodrigues questionou Matheus Ribeiro sobre educação, criticando ideologização do ensino público. Matheus prometeu investir em creches e pré-escolas. Fred disse que Matheus não respondeu sua pergunta sobre ideologização do ensino público e prometeu implantar escolas cívico-militares na rede municipal da capital.
Candidatos reforçam principais propostas
No último bloco, os candidatos fizeram considerações finais e novamente reforçaram suas principais propostas, de maneira superficial, já que o tempo era de apenas dois minutos para cada um falar. Cruz concentrou em obras realizadas de infraestrutura e trânsito, transporte público.
Sandro Mabel tentou vincular sua candidatura ao nome do governador Ronaldo Caiado, destacou que tem 52 anos de gestão na iniciativa privada. Lembrou que perdeu eleição para Darci Accorsi e afirmou que a resolução dos problemas não é simples, não basta falar e propor soluções, é preciso saber administrar. Prometeu realizações em diversas áreas.
Fred Rodrigues tentou vincular seu nome ao do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas afirma que todos estão comprometidos com a velha política, menos ele. Disse que a candidata do PT não quer nacionalizar o debate. Citou o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos) e o ex-ministro Paulo Guedes, como suas referências.
Adriana Accorsi considerou muito importante discutir os problemas e soluções para cidade, lembrando que desde o final do ano passado tem andado por toda a cidade para ouvir a população, segmentos organizados, para construir o plano de governo.
Matheus Ribeiro voltou a falar em atraso na política de Goiânia, que, segundo ele, se resume em tapar buraco e pagar folha do funcionalismo.
