Hoje é 22 de outubro de 2024 00:13

Prefeitura ainda não tem plano para solucionar crise nas maternidades de Goiânia

Secretário Municipal de Saúde reconhece gravidade da situação e diz que as medidas têm sido tomadas de forma pontual, para resolver situações mais imediatas
Secretário de Saúde Wilson Pollara, em reunião com a presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, vereadora Kátia Maria, e representantes da entidade gestora das maternidades: situação alarmante // Foto: Divulgação

A Secretaria de Saúde de Goiânia ainda não possui um plano para resolver a crise nas três maternidades públicas da capital, que suspenderam os atendimentos por falta de repasse de recursos da prefeitura. Apenas casos de urgência e emergência estão sendo recebidos no Hospital e Maternidade Dona Iris, no Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara e na Maternidade Nascer Cidadã.

Desde 27 de agosto, a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela gestão financeira das instituições, informou a suspensão dos serviços ambulatoriais e eletivos pelas maternidades. A partir de então, passou a limitar o atendimento às urgências devido à falta de repasses financeiros pela Prefeitura de Goiânia, que atualmente acumula uma dívida de R$ 80 milhões com a fundação. As unidades de saúde estão atendendo apenas urgências e emergências, já acumulando mais de 19 mil procedimentos sem ser realizados.

Durante reunião na manhã desta segunda-feira (21/10), com a vereadora Kátia Maria, presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, o secretário Municipal de Saúde, Wilson Pollara, reconheceu a gravidade da situação, ressaltou a importância do trabalho conjunto, mas não conseguiu apresentar uma solução ou um cronograma que pudesse indicar o fim da crise.

Segundo ele, as medidas têm sido tomadas de forma pontual, para resolver situações mais imediatas.

“Eles [prefeito e secretário de Finanças] ainda não me posicionaram sobre repasses para regularizarmos em definitivo a situação”, afirmou Pollara, ao pontuar que os atores envolvidos da parte da prefeitura têm se desdobrado para garantir que os atendimentos sejam normalizados e a população não pague o preço da paralisação.

Em que pese a pressão por uma solução, as próximas ações a serem tomadas e o cronograma para a normalização dos serviços ainda serão definidos em conversas com o prefeito e a Secretaria Municipal de Finança.

Presidente da Comissão de Saúde cobra soluções urgentes

Além da vereadora Kátia Maria, a reunião do secretário de Saúde para discutir a grave crise enfrentada pelas maternidades municipais de Goiânia também teve presença do vice-reitor da Universidade Federal de Goiás, Jesiel Carvalho, e a diretora executiva da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc/UFG), responsável pela gestão das maternidades, em convênio celebrado com a Prefeitura de Goiânia.

A vereadora afirma que a situação é alarmante. Ela lembrou que, recentemente, a cidade enfrentou suspensão de atendimentos nas maternidades municipais devido à dívida acumulada que já ultrapassa R$ 80 milhões, valores referentes a repasses pendentes da prefeitura, que comprometeram a capacidade de funcionamento das unidades.

“Estamos muito preocupados com essa situação e estamos fazendo um esforço muito grande para ajudar nas soluções. A crise na Saúde em geral é muito grave, mas, no caso das maternidades, já há suspensão de atendimentos e um colapso muito próximo”, alertou a parlamentar.

Kátia também questionou a gestão municipal sobre a destinação dos recursos que o município recebe do Sistema Único de Saúde e outras fontes: “Vocês afirmam que investiram 21% do orçamento em Saúde, mais que os 15% mínimos estipulados pela Constituição, mas para onde está indo esse dinheiro, se a situação mostra essa crise sem precedentes?”

“A situação se torna ainda mais crítica quando se considera que, segundo dados de instituições de saúde, cerca de 1.500 partos mensais são realizados nas maternidades municipais, e a suspensão desses atendimentos representa um risco significativo para a saúde das gestantes e recém-nascidos da cidade”, acrescentou Kátia Maria.

Assumiu-se compromisso que não seria cumprido’

Ao reconhecer a gravidade da situação, o secretário Wilson Pollara, também fez uma análise crítica da situação e afirmou que a crise é resultado de “uma decisão inconsequente de quem definiu esse plano lá atrás”.

“Assumiu-se um compromisso que, sabidamente, não seria cumprido em termos de orçamento”, avaliou.

Pollara mencionou, como exemplo, a Maternidade Célia Câmara, que foi aberta como hospital de campanha durante a pandemia de Covi-19, e ressaltou que sua manutenção financeira não era viável após o pico da crise sanitária.

“Ele deveria ter sido fechado. Não se podia assumir um compromisso financeiro de manter o hospital aberto”, argumenta.

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