A Espanha se encontra em um momento crítico após enfrentar a maior enchente do século, que já deixou 217 mortos, dezenas de desaparecidos e uma vasta destruição na costa mediterrânea, especialmente em Valência. Durante uma visita a Paiporta no domingo (3/11), uma das áreas mais afetadas pelas inundações, o Rei Felipe VI foi alvo de protestos.
Moradores, insatisfeitos com a resposta das autoridades, gritaram palavras como “assassino” e arremessaram objetos em direção ao monarca e sua comitiva. Acompanhado por uma equipe de segurança, o rei precisou de proteção extra durante a visita e chegou a conversar com alguns moradores, que expressaram frustrações com a falta de ação do governo diante do desastre.
A população critica a demora no envio dos alertas sobre as chuvas intensas e as enchentes. De acordo com relatos de moradores, as mensagens de emergência só foram enviadas com duas horas de atraso, quando as águas já começavam a arrastar carros e inundar ruas.
Além disso, há queixas sobre a lentidão no envio de equipes de resgate e na assistência às áreas atingidas. Em meio ao cenário de destruição, o governo anunciou que mobilizou 7.500 soldados e quase 10.000 agentes de segurança para auxiliar nas operações de resgate e limpeza.
O Papa Francisco pediu, neste domingo (3/11), que os fiéis rezassem pelo povo espanhol e pelas vítimas em Valência, onde as inundações causaram danos extensivos à infraestrutura das cidades afetadas, destruindo pontes, estradas, trilhos de trem e submergindo terras agrícolas.
Milhares de voluntários se mobilizaram para ajudar nas regiões afetadas, levando suprimentos como água e alimentos. Contudo, devido ao risco de novas chuvas, as autoridades restringiram o acesso à área para garantir a segurança dos voluntários e moradores.
Entretanto, há relatos de saques em supermercados e shoppings. Na cidade de Aldaia, cinco pessoas foram presas por saquearem uma joalheria. O governo, em resposta, enviou o Exército para reforçar a segurança e auxiliar na limpeza de ruas e na distribuição de alimentos às áreas isoladas pela enchente.
Maior enchente do século é um alerta para mudanças climáticas
A enchente histórica, considerada o pior desastre do século na Espanha, foi impulsionada por chuvas torrenciais que, em apenas oito horas, despejaram o volume de um ano inteiro na região. Segundo especialistas, as condições meteorológicas foram exacerbadas pelas mudanças climáticas, que elevaram as temperaturas do mar Mediterrâneo, intensificando a força das tempestades que atingiram a costa.
O Ministro dos Transportes e da Mobilidade da Espanha, Óscar Puente, informou que cerca de 80 km de rodovias foram danificados ou bloqueados, muitos deles por veículos abandonados durante a enchente. A expectativa é que as operações de limpeza e reconstrução das áreas afetadas levem meses até que a normalidade seja restaurada na região.
