Hoje é 22 de dezembro de 2024 20:50

Caiado nega uso de palácio para campanha de Mabel e recorrerá de condenação

Governador disse que reunião existiu, mas não teve cunho eleitoral, pois o motivo maior era a preocupação com a situação vivida por Goiânia
Ao comentar decisão judicial, Caiado citou ocasiões em que Palácio da Alvorada foi utilizado para realizar reuniões com políticos durante campanhas eleitorais: “Aqui é minha residência, eu moro aqui” // Foto: Arquivo

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), negou, nesta quarta-feira (11/12), ter utilizado a estrutura do governo estadual, especialmente o Palácio das Esmeraldas, para favorecer seu aliado Sandro Mabel (UB) durante a campanha eleitoral deste ano. Ele declarou que recorrerá da decisão da Justiça Eleitoral, que o condenou a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder político ao supostamente usar a estrutura governamental para beneficiar Mabel, eleito no segundo turno das eleições.

De acordo com o Ministério Público Eleitoral, Caiado organizou jantares nos dias 7 e 9 de outubro, logo no início do segundo turno, reunindo vereadores eleitos, suplentes e lideranças políticas de Goiânia. Durante os encontros, ele teria pedido que os presentes utilizassem suas “credenciais” para apoiar a campanha de Mabel.

O governador justificou que os encontros tinham o objetivo de debater os problemas de Goiânia, que enfrentava crises na saúde e na coleta de lixo. Segundo ele, a escolha do Palácio das Esmeraldas como local da reunião ocorreu por ser sua residência oficial.

“Eu, como governador, reuni vereadores em uma reunião institucional, com suplentes e eleitos, para tratar de assuntos extremamente delicados, porque a discussão já existia sobre o colapso da máquina pública”, explicou Caiado.

A juíza Maria Umbelina Zorzetti, responsável pela decisão divulgada na manhã desta quarta-feira, também determinou a cassação da chapa eleita de prefeito e vice, formada por Mabel e Coronel Cláudia (Avante). Além disso, foi imposta uma multa de R$ 5,3 mil à vice, R$ 40 mil a Mabel e R$ 60 mil ao governador Caiado.

A magistrada concluiu que Caiado utilizou o Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual, para promover atos de campanha em favor de Mabel, pressionando os convidados a se mobilizarem pelo candidato do União Brasil (UB). Essa prática, segundo a legislação eleitoral, caracteriza abuso de poder político.

“Ficou comprovado que o investigado, valendo-se de seu poder como Governador do Estado, organizou eventos eleitoreiros, convocou convidados, subiu à tribuna e realizou campanha eleitoral dentro de um edifício pertencente ao Estado de Goiás, em flagrante desvio de finalidade”, destaca um trecho da sentença.

Governador mantém lançamento de pré-candidatura a presidente

Da decisão, cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral de Goiás e, depois, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso seja confirmada nas próximas instâncias, a decisão inviabiliza os planos eleitorais do governador, que está no segundo mandato à frente do Executivo goiano e já se lançou como pré-candidato à Presidência da República nas eleições de 2026. Durante a coletiva, Caiado afirmou que vai lançar a pré-candidatura à Presidência em março do ano que vem na cidade de Salvador.

A condenação atende a um pedido da coligação do candidato derrotado no segundo turno da eleição, o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL). A queixa do ex-candidato foi ratificada pelo Ministério Público Eleitoral.

Ainda na coletiva, Caiado argumentou que a Justiça Eleitoral “não pode ter dois pesos e duas medidas”. Ele citou encontros da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2014, e do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2022, com políticos no Palácio da Alvorada durante o período o eleitoral que não foram considerados como ato de campanha pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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