Hoje é 31 de janeiro de 2025 12:52

Ex-presidente da Goinfra Lucas Vissotto é preso por suspeita de fraude em contrato

Estimativa da polícia é de que os pagamentos indevidos tenham causado um prejuízo de R$ 10,4 milhões aos cofres do estado
Lucas Vissoto Júnior: investigação aponta pagamentos antecipados irregulares à empresa contratada, sem execução suficiente das obras ou serviços, além de indícios de superfaturamento // Foto: Arquivo/Senado

O ex-presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) Lucas Vissotto foi preso nesta terça-feira (28/1) em uma operação da Polícia Civil que investiga irregularidades em um contrato de R$ 27 milhões para reforma de prédios públicos em Goiás. A investigação estima que pagamentos indevidos tenham causado prejuízo de R$ 10,4 milhões aos cofres públicos.

A prisão ocorreu no âmbito da operação Obra Simulada, desencadeada na data de hoje pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) com objetivo de cumprir 114 mandados judiciais, incluindo 24 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de prisão temporária em Goiânia, Anápolis e no Distrito Federal. Além de servidores públicos, são alvo da operação a empresa Prime Participações, com sede no Distrito Federal, e pessoas vinculadas a ela.

De acordo com a Polícia Civil de Goiás, a operação “Obra Simulada” resulta de inquérito policial que apura diversos crimes praticados na formalização e execução de um contrato administrativo celebrado entre a Goinfra e uma empresa privada sediada no Distrito Federal, nos anos de 2023 e 2024, o qual teve por objeto a contratação de serviços de reforma e manutenção em 26 prédios públicos no Estado de Goiás, com o valor final contratado de quase R$ 28 milhões.

As irregularidades chegaram ao conhecimento das autoridades policiais por meio de relatórios técnicos e inspeções realizadas pela Gerência de Inspeções da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e pela Gerência Estratégica da Polícia Civil na Seinfra, por meio dos quais se evidenciou que a empresa contratada obteve diversos pagamentos irregulares antecipados, sem que as obras ou serviços fossem suficientemente realizados para justificar os pagamentos, além de fortes indícios de superfaturamento nas intervenções.

Estima-se que os prejuízos iniciais aos cofres do Estado de Goiás, causados pelos pagamentos indevidos, tenham sido de mais de R$ 10 milhões, estando excluído deste valor o dispêndio que o Estado ainda terá para reconstruir as estruturas que foram demolidas, mas não reerguidas pela empresa contratada.

“Suspeita-se na investigação que havia um provável esquema de avocação premeditada de procedimentos de contratação, contra disposição legal ou regulamentar, com a finalidade de beneficiar empresas contratadas e os agentes públicos ora investigados”, informou a Polícia Civil em nota.

Polícia investiga lavagem de dinheiro

Ainda segundo a PC, verificou-se também fortes evidências de lavagem de dinheiro, pois o fluxo financeiro do numerário, irregularmente obtido pelos pagamentos antecipados à empresa contratada, convergia para outras empresas sediadas no Distrito Federal, todas ligadas a familiares e amigos do “sócio oculto” da empresa contratada, além de diversos saques realizados diretamente na “boca do caixa”, logo depois da realização dos pagamentos irregulares.

Além dos mandados de prisão e buscas, a operação Obra Simulada cumpre 32 mandados de afastamentos de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático; 26 mandados de bloqueios de bens e valores; sete mandados de proibição de frequência a determinados lugares; 10 mandados de proibição de contratar com o poder público (de empresas envolvidas).

Ainda não há um posicionamento oficial da defesa dos presos. O Governo do estado, por meio do presidente da Secretaria de Infraestrutura, Pedro Sales, informou que a investigação ocorre no âmbito policial, após detecção de indícios de irregularidades apontados pela área de Engenharia da secretaria.

Quem é Lucas Vissoto

Natural de Goiânia, Lucas Alberto Vissotto Júnior assumiu a presidência da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) em 22/12/2022 a convite do governador Ronaldo Caiado. Ele é ex-diretor de Infraestrutura Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), onde é servidor de carreira, e retornou a Goiás para substituir Pedro Sales na Agência estadual.

No Dnit, ele integrou a equipe do ex-ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e traz no currículo uma gama de projetos e obras nacionais em que atuou. De perfil técnico, Vissoto é graduado em engenharia civil pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), mestre em Geotecnia pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutor em Geotecnia pela Universidade de Brasília (UnB).

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