A Justiça aceitou a denúncia contra Flaviane Lima, dona de uma creche em Nerópolis, tornando-a ré por homicídio doloso pela morte de Salomão Rodrigues Faustino, de 2 anos. A criança foi esquecida dentro do carro da acusada por quatro horas, presa à cadeirinha com os vidros fechados, e não resistiu ao calor extremo, segundo investigação da Polícia Civil de Goiás (PC-GO). O Ministério Público de Goiás (MP-GO) aponta homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, fútil e cruel. A defesa, no entanto, sustenta que o caso se trata de homicídio culposo, sem intenção de matar, e promete recorrer da decisão judicial.
O incidente ocorreu em 18 de fevereiro, em Nerópolis (GO). Flaviane, responsável pelo transporte da criança, deixou Salomão no banco de trás do veículo e entrou na creche, momento em que alegou ter esquecido do menino. A investigação pericial constatou que o garoto sofreu hipertermia e morreu por falha na regulação da temperatura corporal. Inicialmente, a Polícia Civil indiciou a empresária por homicídio culposo, alegando que não havia indícios de intenção de matar. Imagens de câmeras de segurança revelaram Flaviane em desespero ao perceber o que havia acontecido.
Após ser presa em Itaberaí e levada ao Complexo de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, Flaviane teve a prisão preventiva convertida em domiciliar. A juíza determinou que ela só poderá sair de casa para comparecer à Justiça e deve manter o endereço atualizado. A defesa argumentou que a acusada tem filhos menores de 12 anos, o que possibilita o benefício da prisão domiciliar.
Os pais de Salomão contestam a versão de Flaviane. A mãe, Giselle Rodrigues, afirmou que o filho estava acordado quando foi levado à creche e questionou como a empresária pôde esquecê-lo. O pai, Vilmar Faustino, relatou que recebeu um telefonema para ir ao hospital, mas não foi informado sobre a gravidade do caso. Ao chegar, encontrou a equipe tentando reanimar a criança, que não resistiu.
Em depoimento, Flaviane disse que só percebeu a presença de Salomão no carro ao final do expediente, quando saiu para ir para casa. Segundo ela, ao abrir a porta, viu o menino desfalecido na cadeirinha, tentou prestar socorro e chamou os bombeiros. No entanto, a criança já não apresentava sinais vitais ao ser levada ao hospital. A mãe de Salomão desabafou nas redes sociais, dizendo que vive um pesadelo e não sabe como seguir sem o filho que fez 2 anos dia 5 de fevereiro deste ano. “Como eu chegarei em casa agora e não presenciarei sua alegria?”, escreveu. O caso segue na Justiça.
