Hoje é 25 de dezembro de 2024 01:43

Ministério Público e Polícia Civil investigam suposta rede de apoio à prefeito de Iporá

De acordo com manifestações de representantes das duas entidades, Naçoitan Leite pode ter tido apoio logístico para se locomover e esconder em fazendas e hotéis na cidade
Defesa da ex-mulher, que foi vítima de violência, se diz confiante no trabalho do Poder Judiciário após prisão do prefeito // Fotos: Reprodução TV Anhanguera

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) manifestou preocupação sobre uma possível rede de apoio que pode ter cooperado para manter em fuga o prefeito de Iporá, Naçoitan Leite, durante os cinco dias em que ficou foragido do Poder Judiciário após expedição do seu mandado de prisão. O prefeito se entregou na manhã de ontem e está preso por ter invadido a casa de sua ex-mulher e disparado 15 vezes contra ela e o seu atual namorado no último dia 18.

Em depoimento à Polícia Civil na manhã de ontem (23) quando se entregou, Naçoitan alegou que não se lembra dos detalhes da noite do crime e nem da manhã seguinte quando retornou à casa e levou os aparelhos que registraram as imagens do videomonitoramento, interno e externo da residência. A vítima, sua ex-mulher, havia feito cópia das imagens que já estão em posse das forças policiais para compor o rol de provas do suposto crime cometido pelo prefeito.

Após a audiência de custódia de Naçoitan, na tarde de ontem, dia 23, o promotor do MP-GO, Luiz Gustavo Soares Alves falou em entrevista coletiva à imprensa sobre o possível apoio que algumas pessoas da cidade deram para manter o mandatário fora do alcance policial.

“Essa suposta rede de apoio e essas pessoas que supostamente o apoiaram nesses cinco dias de fuga nos preocupa. Isso precisa ser apurado. É preciso que seja apurado também como a polícia procedeu ao longo desses cinco dias, na busca, na localização do prefeito”, afirmou. O MP suspeita que ele esteve abrigado em hotéis e fazendas do município durante esse tempo.

O titular da 7ª Delegacia Regional da Polícia Civil de Goiás, Ramon Queiroz, também falou sobre a suposta rede de apoio em coletiva de imprensa. “Se houver favorecimento pessoal, se houve ajuda para que o prefeito fugisse ou permanecesse desaparecido até o momento de sua apresentação, isso será objeto de investigação em autos apartados pela Polícia Civil”, destacou o delegado que reafirmou que o foco agora é concluir a investigação relacionada à tentativa de feminicídio e de homicídio.

Depoimento e Prisão

Durante a coletiva de imprensa, o delegado Ramon Queiroz revelou também trechos do depoimento de Naçoitan à Polícia Civil. “Ele não se lembra de ir até a casa da ex-namorada, ele afirmou que está fazendo uso de remédios, passou por uma cirurgia no estômago, o que causou ainda mais perca de memória”, relatou e complementou dizendo que o prefeito afirmou ter acordado no dia seguinte em uma estrada vicinal dentro de sua caminhonete.

À imprensa, a defesa da vítima classificou o depoimento de Naçoitan como “teatral” , especialmente o argumento de “perda de memória”. “Ela (a ex-mulher) está esperançosa. Agora, com ele preso, ela aguarda que o Poder Judiciário tome medidas”, comentou.

Naçoitan Leite se entregou à Polícia Civil na manhã de ontem, dia 23, passou por audiência de custódia, teve sua prisão mantida pela Justiça e saiu do fórum algemado e vestindo um uniforme de presidiário. Sua defesa entrou com um novo pedido de habeas corpus e aguarda parecer da Procuradoria do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

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