O jornalista Batista Custódio não suportou complicações de uma pneumonia e morreu na manhã desta sexta-feira (24/11), no Hospital São Francisco, em Goiânia. Ele tinha 88 anos e seguia atuante no jornal, pautando e editando a capa em colaboração com os demais editores. O jornalista deixa esposa e cinco filhos.
Batista enfrentou dois meses de internação e uma recente cirurgia na mandíbula. Também convivia com um câncer de pulmão. No início do mês ele sofreu um derrame pleural (acúmulo de líquidos entre o pulmão e o tórax).
Batista comandou redações com os melhores profissionais do jornalismo brasileiro, caso de Washington Novaes e Aloysio Biondi. Sob sua batuta, ganharam prêmio Esso e outras condecorações, como o terceiro lugar de Melhor Veículo de Comunicação do Brasil, honraria concedida pela Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1984.
Perseguido e preso na ditadura, Batista Custódio abriu mão de indenização por parte do Estado após a abertura democrática, em meados da década de 1980. Herdeiro intelectual de Alfredo Nasser, ex-senador da República e ex-ministro da Justiça, ele construiu um capítulo dentro da liberdade de imprensa. Polêmico, por vezes escreveu extensos textos com fortes traços de pessoalidade sobre impressões a respeito de figuras públicas e passagens de eventos políticos de Goiás.
O Diário da Manhã (DM) surgiu em 1980 após Batista Custódio, Telmo de Faria e Consuelo Nasser, esposa de Batista, terem se aventurado na época, como estudantes de agrimensura e secundaristas em preparatório para o curso de direito, na redação do “Cinco de Março” nas décadas de 1950, 1960 e 1970.
Conforme relatos históricos em teses acadêmicas, o “Cinco de Março” surgiu diante de uma premonitória manifestação de estudantes, que foi reprimida pela polícia. Após o enfrentamento, os jovens se reorganizaram. Um dos produtos deste embate foi o “Cinco de Março”.
No início da década de 1980, a equipe do “Cinco de Março” deu um passo à frente e lançou o Diário da Manhã.
O DM rapidamente tornou-se escola de grandes profissionais, caso de Jorge Braga, Renato Dias, João Bosco Bittencourt, Ulisses Aesse, Marco Antônio Lemos, dentre outros. O jornal sempre foi uma porta aberta para jovens talentos da escrita, muitos dos quais começaram em outros departamentos do jornal, como a Revisão.
Hoje, nomes de destaque da mídia nacional e correspondentes internacionais levam um pouco de suas histórias no DM. É o caso da jornalista Lilian Teles, da TV Globo que iniciou sua carreira em 1987, no DM. Jornalistas já falecidos, caso de Cristina Lôbo, que frequentou a redação de ambos e do extinto “Folha de Goyaz”, ‘aprenderam’ jornalismo no DM.
O jornal segue sob presidência de Júlio Nasser, com destaque em sua edição online e impresso.
A família ainda não tem maiores detalhes sobre velório e enterro do editorialista, mas familiares de Batista estão eternizados no tradicional cemitério Santana, no setor dos Funcionários, em Goiânia.
Governador Ronaldo Caiado decreta luto oficial de três dias
A morte do jornalista Batista Custódio foi lamentada por autoridades de Goiás, entre elas o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz; o presidente da Câmara, Romário Policarpo; Assembleia Legislativa, Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Goiás, entre outros.
O governador Ronaldo Caiado, que na manhã de hoje participa de um evento em Abadia de Goiás, decretou luto oficial de três dias no estado, após tomar conhecimento da morte do fundador do Diário da Manhã.
Um vídeo divulgado por pessoas que acompanham Caiado mostra o momento que ele decreta o luto, e lamenta a morte de Batista Custódio.
Leia a nota de Pesar emitida pelo governador:
NOTA DE PESAR
Goiás perdeu hoje um dos seus maiores comunicadores. Gracinha e eu recebemos com imensa tristeza a notícia do falecimento do amigo Batista Custódio.
Foi um dos grandes de nosso estado e seu nome ficará gravado na história. Um dos homens mais cultos que conheci, que foi referência no jornalismo brasileiro.
Neste momento, elevamo-nos em oração para que o Altíssimo conforte a todos, em especial Marli, Júlio, Imara, João e Maria. Em homenagem, decretei luto oficial de três dias em nosso estado.
Ronaldo Caiado
Governador de Goiás