A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), deflagrou, nesta quinta-feira (15/5), uma operação para cumprimento de três mandados de busca e apreensão em Aparecida de Goiânia e Brasília. Batizada de Price Position (Posicionamento de preço, em tradução literal), a ação é decorrente de investigação que apura negociação de suposta nomeação de pessoa para ocupar cargo em comissão no Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran/GO).
A investigação começou após chegar à Polícia Civil uma conversa, realizada por meio de aplicativo de mensagem, em maio de 2022, entre um empresário e um advogado, na qual este solicitava àquele o pagamento de R$ 900 mil para nomeação de um indicado de um empresário para ocupar um cargo em comissão na Gerência do Departamento de Tecnologia da Informação do órgão de trânsito estadual.
“Ao investigar o caso, a Polícia Civil averiguou que a nomeação nunca chegou a ocorrer, e que chegaram a usar nomes de agentes públicos de forma indevida e criminosa, tratando-se, pois, de um artifício, um engodo, usado pelo advogado para o recebimento dos valores cobrados.
Com o avanço das investigações, foi autorizado o cumprimento de medidas cautelares de busca e apreensão, afastamento de sigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático em face dos investigados, que poderão responder pela prática do crime de tráfico de influência.

A Operação Price Position busca reunir mais elementos para esclarecer completamente a dinâmica da negociação e a extensão do envolvimento de cada um dos investigados neste esquema de suposta venda de influência em nomeações públicas.
Previsto no artigo 332 do Código Penal brasileiro, tráfico de influência é um crime que consiste em solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem, para si ou para outrem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função. É caracterizado por uma pessoa se aproveitar da sua suposta influência junto a um funcionário público para obter benefícios ou favores. A pena para este crime é de reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
Detran-GO reafirma combate à corrupção
De acordo com o Detran-GO, a atual administração se exime de qualquer responsabilidade sobre os fatos apurados, cabendo eventuais esclarecimentos à presidência do órgão à época dos fatos ocorridos.
Em nota, o órgão de trânsito informou que a atual gestão tem atuado com tolerância zero à corrupção e que já afastou mais de 100 servidores condutas irregulares
“Diversas quadrilhas foram desarticuladas internamente, antes mesmo da atuação da polícia”, informou o órgão
Nota do Detran-GO sobre o caso
O Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) esclarece que investigação diz respeito a uma suposta negociação de cargo ocorrida em 2022, gestão anterior à atual. Diante disso, o Detran-GO esclarece que a atual administração se exime de qualquer responsabilidade sobre os fatos apurados, cabendo eventuais esclarecimentos à presidência da época.
Importante ressaltar que, conforme já reconhecido pela Polícia Civil, a nomeação mencionada na investigação nunca se concretizou, e os nomes de agentes públicos foram utilizados de forma indevida, com indícios de tentativa de engodo por parte de terceiros que não possuem vínculo com o órgão.
A atual gestão do Detran-GO tem atuado com tolerância zero à corrupção. Desde seu início, mais de 100 servidores foram afastados por condutas irregulares, e diversas quadrilhas foram desarticuladas internamente, antes mesmo da atuação da polícia. Todos os casos são devidamente comunicados à Polícia Civil e ao Ministério Público do Estado de Goiás.
O Detran-GO reforça seu compromisso com a transparência, integridade e legalidade na administração pública.