Hoje é 26 de julho de 2024 23:53
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Com bens bloqueados, Darrot mantém pré-candidatura a prefeito de Goiânia

Alvo de busca e apreensão, empresário e ex-prefeito de Trindade teve bloqueados pela Justiça recursos da ordem de R$ 3,24 milhões, por suposta fraude em licitação
Jânio Darrot: “Saí com todas as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios; nunca deixei qualquer processo para trás” // Foto: Divulgação

Alvo de uma operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Civil na semana passada, o empresário e ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot (MDB) mantém sua pré-candidatura a prefeito de Goiânia, como possível candidato da base aliada do Governo estadual. Além da busca e apreensão de objetos e documentos, o político teve bloqueados pela Justiça recursos financeiros no montante de R$ 3,24 milhões.

A investigação foca em suspeitas de fraude em licitação e corrupção vinculadas ao aluguel de equipamentos quando Darrot era prefeito de Trindade. Ele administrou a cidade entre 2013 e 2020. Durante sua gestão, a prefeitura firmou contrato com a empresa Inovar Indústria e Comércio de Confecções Ltda., antes propriedade de filhas de Darrot, e transferida para um empregado de longa data, Leonardo Santos da Costa.

Em entrevista ao jornal O Popular, o político disse que, embora se mantenha no páreo, quer deixar o governador Ronaldo Caiado (UB) à vontade para definir o nome da base governista. “Eu não esperava que as coisas chegassem nesse ponto, mas eu não vou retirar. Não vou porque é meu jeito, é minha natureza. Eu não devo, eu não tenho por que temer e não tenho por que correr. Então eu estou firme”, disse.

O montante dos bens bloqueados, R$ 3,24 milhões, refere-se ao valor do contrato e aditivos para locação de máquinas na gestão de Darrot. A Justiça também autorizou quebras de sigilo bancário e fiscal de Darrot, da empresa Inovar e o dono dela, Leonardo Santos da Costa.

A empresa de Leonardo, após vencer uma licitação, seguiu prestando serviços à prefeitura de Trindade. Originalmente voltada a serviços de confecção para o grupo do ex-prefeito, ela ajustou seu escopo empresarial para abranger mais serviços, o que permitiu sua participação em outras licitações.

A respeito do contrato que a prefeitura, sob seu comando, firmou com a empresa Inovar, Darrot afirma que está juntando todas as documentações e provas de que não houve nenhuma tentativa de fraude.

“Foi uma licitação com muitos participantes, 80 empresas. O Leonardo [Santos da Costa] é gerente de nossa fábrica há quase 40 anos. É uma pessoa correta, honesta, trabalhadora, idônea. A Inovar foi constituída porque chegamos a um ponto em que a empresa (Jean Darrot) foi crescendo e precisava de parcerias. Começamos a trabalhar com as facções em vários locais. A facção só costura e é preciso cuidar dos acabamentos e do preparo para retornar o produto. Aí surgiu a ideia do Leonardo cuidar de uma empresa pra fazer essa facção de acabamento. Meu contador abriu a firma no nome das minhas filhas e o Leonardo prestava o serviço. Chegou em um ponto em que ele estabilizou, estava satisfeito e quis passar para ele. Então passamos essa facção para ele, ainda antes de eu ser prefeito, nem pensava nisso. Quando eu ganhei a Prefeitura, não havia máquinas, era só sucata. Fizemos leilão e depois abrimos a licitação para locar maquinários. E fizemos pulverizada, com muitos lotes, tudo dentro dos trâmites legais. Uma pessoa ganhava um caminhãozinho, outro uma carreta, outro uma máquina, outro uma motoniveladora, dependia do preço. O pregão presencial levou dois dias na época. O Leonardo havia alterado o CNAE [Classificação Nacional das Atividades Econômicas] dele incluindo a locação de máquinas porque o cunhado dele já mexia com isso”, explica Darrot.

Sobre o impacto político da investigação de atos de sua gestão, Jânio Darrot disse ainda que está “triste” porque não é acostumado com isso. “Sempre me preocupei com a transparência e a legalidade nos meus mandatos”, falou ao Popular.

“Saí com todas as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Nunca deixei qualquer processo para trás. Mas sei que política é assim mesmo. E a candidatura não é apenas minha. Mas se, mais à frente, passado esse caso, eu tiver oportunidade, sou candidato. Não tenho nada a temer. Não corro. Mas sei que é uma candidatura do governo. Não quero que respingue qualquer desgaste, que arranhe a imagem do governo”, acrescentou.

A defesa de Jânio Darrot apelou contra o bloqueio dos bens e a quebra de seu sigilo na última sexta-feira, 9, e aguarda a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás.

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