Hoje é 27 de novembro de 2024 18:50

Investigação aponta conluio em secretaria para desviar recursos da saúde

Dois servidores da pasta e o secretário, Wilson Pollara, foram presos acusados de associação criminosa e pagamentos irregulares em contrato administrativo
MP afirma que esquema teria impactado o repasse de verbas a entidades como a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas, que enfrenta dívida de R$ 121,8 milhões. // Foto: Reprodução

Presos na manhã desta quarta-feira (27/11) na operação Comorbidade, do Ministério Público de Goiás, o secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Modesto Pollara, o secretário-executivo, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro da pasta e do Fundo Municipal de Saúde, Bruno Vianna Primo, estão detidos na Casa do Albergado, em Goiânia. Eles são investigados por supostamente realizar pagamentos irregulares em contratos administrativos, além de associação criminosa. A prisão dos três, temporária, por sete dias, foi decretada pela Justiça.

De acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO), os suspeitos teriam concedido vantagens indevidas em contratos e desrespeitado a ordem cronológica de pagamentos, causando prejuízo aos cofres públicos.

Os investigadores ressaltam o impacto do suposto esquema no repasse de verbas para entidades como a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), que acumula uma dívida de R$ 121,8 milhões.

A instituição chegou a suspender os atendimentos nas maternidades Dona Íris, Nascer Cidadão e Célia Câmara em agosto deste ano, mantendo somente procedimentos eletivos devido à falta de recursos naquele momento.

Acredita-se que os crimes tenham agravado a crise já existente na saúde pública de Goiânia, que tem registrado falta de insumos básicos, interrupção de serviços e restrições ao acesso a leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Durante a operação, um dos suspeitos foi encontrado em posse de R$ 20.085,00 em espécie. A Prefeitura de Goiânia informou, por meio de nota, que colabora com o Ministério Público.

O prefeito Rogério Cruz reforçou a colaboração da administração com as investigações e informou o afastamento dos suspeitos.

“A saúde da capital Goiânia é um assunto que já estamos trabalhando há muito tempo, desde quando assumimos a gestão, e estamos dialogando com os prestadores de serviço para acompanhar todo esse processo”, afirmou o prefeito.

O prefeito eleito Sandro Mabel informou que está acompanhando os desdobramentos da investigação e declarou apoio à ação do MP-GO em apurar as irregularidades na gestão da pasta. Ele acrescenta que tem trabalhado para amenizar a atual crise na saúde da capital.

Quem são os investigados

Wilson Pollara é médico, formado pela Universidade de São Paulo em 1973. Entre os anos de 2013 e 2016, foi secretário adjunto de Estado da Saúde de São Paulo e, em 2017 e 2018, foi secretário municipal da Saúde.
O ex-secretário de Saúde de Goiânia já havia sido afastado pelo Tribunal de Contas do Município de Goiás (TCM-GO) em julho deste ano por suspeita de “má-fé” na tentativa de contratações da prefeitura.
Já Bruno Vianna Primo ocupava o cargo de diretor da Diretoria Financeira e do Fundo Municipal de Saúde, onde era responsável por planejar e coordenar as atividades de controle e execução orçamentária na Secretaria Municipal de Saúde.
Quesede Ayres Henrique, também preso na operação, era o secretário-executivo da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. Entre suas atribuições estavam assessorar o secretário de Saúde em assuntos técnicos, substituir o titular caso fosse necessário e exercer outras funções correlatas que lhe fossem delegadas.

Prefeito nomeia substitutos

Ainda na manhã desta quarta-feira (27/11), o prefeito Rogério Cruz nomeou a cirurgiã-dentista e sanitarista Cynara Mathias Costa para o cargo de secretária municipal de Saúde, após a prisão de Pollara.
Segundo Cynara, a nomeação foi uma surpresa, e ela pretende usar o tempo que ficará à frente da pasta para trabalhar e melhorar a situação da saúde na cidade.

“Aqui eu quero deixar claro que a secretaria vai trabalhar diuturnamente para que tudo se resolva, principalmente nas unidades de urgência, em relação a medicamentos, insumos e recursos humanos. Para que, ao fim desse mandato, possamos resolver e mitigar esses problemas”, afirmou a funcionária pública.

Já a Secretaria Executiva será de responsabilidade da servidora efetiva Acácia Cristina Marcondes Almeida Spirandelli, que é especialista em Saúde e mestre em Saúde Coletiva. Enquanto isso, Bruno Costa, especialista em Saúde, assume como diretor financeiro da pasta.
A profissional Isadora Morais Parreira Rodrigues vai acumular o cargo de Gerente de Saúde Bucal de Urgência e Emergência Especializada com a Superintendência de Redes de Atenção e Saúde.

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