Hoje é 1 de abril de 2025 18:06

Isenção do IR: medida eleitoreira para 2026 ou necessidade de justiça?

"Diz a sabedoria popular que 'quando a esmola é muita, o santo desconfia'. Mas, quando se precisa de um verdadeiro milagre – como é o caso do governo federal na tentativa de reavivar sua popularidade em baixa – qualquer recurso vale"

Diz a sabedoria popular que “quando a esmola é muita, o santo desconfia”. Mas quando se precisa de um verdadeiro milagre, como é o caso do Governo Federal na tentativa de reavivar sua popularidade em queda, qualquer santo serve. Especialmente após o tiro sair pela culatra com a proposta de taxação para quem movimenta acima de R$ 5 mil no Pix, a equipe econômica agora propõe isenção do imposto de renda para quem ganha até esse mesmo valor. Coincidência? Nada. A medida já estava sendo planejada para amenizar o desgaste junto à classe média.

O curioso é que estamos a pouco mais de um ano das eleições presidenciais de 2026, com um cenário político incerto: a direita rachada, o ex-presidente Bolsonaro insistindo em se candidatar mesmo inelegível e a esquerda sem um nome forte além de Lula. Diante desse quadro nebuloso, o governo afirma que a perda de arrecadação com a isenção será compensada com a tributação dos super-ricos, ou seja, pessoas físicas que ganham acima de R$ 600 mil por ano. Não é a primeira vez que o governo tenta essa “cruzada”: em novembro do ano passado, uma medida semelhante foi barrada pelo Congresso Nacional.

Ainda que a proposta traga benefícios para trabalhadores e para a classe média, a preocupação está na perda de arrecadação dos municípios, estimada em R$ 5 bilhões. No entanto, o jogo político segue em movimento. Tanto governo quanto oposição negociam com o “Centrão” em busca de apoio, algo que pode ser decisivo para Lula em um momento de notável fragilidade na sua aprovação.

Esse cenário caótico se agrava pela Reforma Tributária incompleta, que continua penalizando o consumo em vez da produção, prejudicando assalariados e trabalhadores informais. A medida parece improvisada, mas é uma prova de fogo para a nova ministra de Relações InstitucionaisGleisi Hoffmann, agora encarregada de costurar o diálogo entre o governo e sua base. No entanto, a atual gestão já demonstrou tendência a apostar em “remendos”, deixando de lado a coragem necessária para realizar reformas estruturais que o país tanto precisa.

João Luiz Vasques Marinho é graduando em Ciência Política pelo IESB, líder da Comunhão Popular em Goiás. Atua como consultor em análise de conjuntura e assessoria para políticos e empresas. Além disso, é franciscano e locutor.

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