Hoje é 18 de junho de 2025 15:32

Justiça acata pedido de recuperação judicial do Super Barão

Empresários terão 60 dias para apresentar plano de ação da rede supermercadista e fornecedores estão proibidos de negar mercadorias
Super Barão enfrenta dificuldades financeiras desde 2021, atribuídas à alta dos juros, endividamento e queda de rentabilidade no cenário pós-pandemia // Foto: Instagram

A Justiça de Goiás aceitou o pedido de recuperação judicial do Grupo Super Barão, rede goiana de supermercados com mais de três décadas de atuação. A decisão foi proferida pela juíza Laura Ribeiro de Oliveira, da 25ª Vara Cível de Goiânia, e determina a suspensão de ações e execuções contra o grupo por 180 dias. A medida inclui a proibição de interrupção de serviços essenciais, como energia, água e internet, além de garantir a continuidade dos contratos de locação e das vendas à vista com fornecedores.

Segundo nota da empresa, o deferimento foi recebido com responsabilidade e determinação. “A medida representa um passo estratégico na reestruturação da empresa. Com foco na manutenção das operações, no fortalecimento da saúde financeira e na valorização de todas as relações construídas ao longo dos anos”, afirmou o grupo. A empresa agora tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação judicial.

A juíza também concedeu tutela de urgência antecipada, reforçando que o fornecimento de mercadorias não pode ser negado. “Se qualquer um dos 250 fornecedores interromper o fornecimento de mais de 9 mil itens, comprometerá severamente o abastecimento das lojas”, afirmou. A magistrada destacou que a medida visa evitar um colapso operacional, já que “isso não apenas prejudica o fluxo de caixa, mas também atinge a capacidade produtiva e competitiva da empresa”, afirmou na decisão.

Impactos da crise e histórico da recuperação judicial

O Super Barão enfrenta dificuldades financeiras desde 2021, atribuídas à alta dos juros, endividamento e queda de rentabilidade no cenário pós-pandemia. O grupo também passou por reorganização societária e viu disputas internas afetarem sua estabilidade. Em seu pedido de recuperação judicial, relatou que fornecedores se recusaram a vender mercadorias, até mesmo à vista, o que inviabilizava a continuidade dos serviços.

Como parte do plano de reestruturação, a rede já fechou cinco unidades, incluindo lojas em Jaraguá, Aparecida Shopping e Trindade Sul, e agora mantém 24 pontos ativos. A redução impactou também o quadro de funcionários, que caiu pela metade, com 1.878 colaboradores distribuídos entre os modelos atacarejo, supermercado e Premium. Quatro unidades seguem temporariamente fechadas: Praça Tamandaré e Centro (em Goiânia), Rio Verde e Goianira.

Apesar de estar entre os 100 supermercados com maior faturamento no Brasil em 2024, ocupando a 89ª posição, os lucros não acompanharam o desempenho. Augusto Almeida, superintendente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), lamentou a situação. “Era uma empresa muito importante para o Estado de Goiás, gerava muito emprego, movimentava muito a economia. Era um orgulho para a gente”, comentou.

Tradição em Goiás e desafios para o futuro

Fundado em 27 de abril de 1992, o Super Barão surgiu como Mercadinho P2, no Setor dos Funcionários, em Goiânia. Com o crescimento, passou a operar sob o nome atual a partir de 2001, no setor Cidade Jardim. Ao longo de três décadas, expandiu para 26 lojas em todo o estado, tornando-se uma das maiores redes supermercadistas de Goiás.

Em nota, a empresa reforça seu compromisso com a transparência e continuidade das operações. “Estamos prontos para conduzir esse processo com total transparência, construindo um plano de ação sólido, eficiente e que garanta estabilidade para todos os envolvidos.” O grupo também classificou este momento como “o início de um novo ciclo” e se mostrou confiante na superação da crise para retomar sua posição no mercado goiano.

Quer receber nossas notícias em seu whatsapp?

Compartilhar em:

Notícias em alta