O presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) enviou ao Senado Federal nesta segunda-feira, dia 27, a indicação dos nomes do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do integrante do Ministério Público Federal, Paulo Gonet, para sabatina e aprovação a fim de ocuparem as vagas ociosas no Supremo Tribunal Federal (STF) e na chefia da Procuradoria-Geral da República. A arguição dos indicados pelo presidente acontecerá no Senado Federal no dia 13 de dezembro.
Os senadores membros da Comissão de Constituição e Justiça votarão as indicações presidenciais que para serem aprovadas terão que receber 41 dos 81 votos dos parlamentares. Após aprovados os nomes, STF e PGR definiram a data de posse de seus novos membros. A cadeira a ser assumida por Dino está vazia desde a aposentadoria da ex-ministra do STF Rosa Weber, que se aposentou em setembro deste ano, semanas antes de completar a idade máxima para ocupar a magistratura, 75 anos.
Dados da transparência do Supremo revelam que o ex-governador do Maranhão herdará cerca de 345 processos que tramitam no gabinete da ex-ministra. Dino é visto como ‘mão pesada’ e tem posições públicas contra legalização do aborto e das drogas e se alçado ao posto poderá votar no processo que julga a descriminalização da maconha. Ele também é favorável ao estabelecimento de tempo de mandato e de discutir a abolição do voto secreto entre os ministros do STF.
A expectativa do Palácio do Planalto é que com o envio ainda em novembro dos nomes a serem referendados no Senado Federal, a votação e sabatina aconteçam antes do recesso do Legislativo previsto para iniciar na segunda semana de dezembro. Se o rito não acontecer no próximo mês, a tramitação das indicações ficará para fevereiro ou março de 2024.
Perfis dos Indicados
Flávio Dino tem 55 anos, foi juiz federal entre 1994 e 2006, é advogado de formação, professor universitário e já ocupou as funções eletivas de deputado federal, governador do Maranhão por dois mandatos e em 2022 foi eleito senador da República pelo mesmo estado.
Paulo Gonet pertence a um grupo de 70 subprocuradores-gerais da República e integra a cúpula do Ministério Público Federal. O jurista também atua desde julho de 2021 como vice-procurador-geral-eleitoral no Ministério Público Eleitoral e em uma das ações que representou no Tribunal Superior Eleitoral assinou parecer a favor da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Gonet assumirá uma vaga que está desocupada na PGR desde 27 de setembro deste ano quando Augusto Aras concluiu seu segundo mandato.
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Simone Tebet pode ser indicada para o Ministério da Justiça
Com a indicação do atual ministro da Justiça, Flávio Dino, para a vaga no Supremo, a atual ministra do Planejamento, Simone Tebet está cotada para substituí-lo no cargo. Advogada formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestre em direito pela PUC-SP, ela aparece em lista que tem nomes como: Jaques Wagner (senador), Jorge Messias (advogado-geral da União), Ricardo Cappelli (secretário geral do Ministério da Justiça) e Ricardo Lewandowski (ex-ministro do STF).
Entrevistada pela imprensa nesta manhã de terça-feira, 28, Tebet falou sobre a expectativa de uma mudança de cargo. “Ninguém antecipa decisão (…) Vamos lembrar que a indicação de nomes de ministros é um ato personalíssimo do presidente da República. Ele é que tem que analisar dentro desse tabuleiro de xadrez, chamado de política, quais são as melhores peças a serem movidas. Estou muito tranquila de dizer que o presidente Lula tomará a decisão mais acertada”, declarou a ministra.
Lula havia citado que não utilizaria critérios de gênero e cor para fazer a indicação do novo ministro da Suprema Corte. A indicação de Dino frustrou parte do seu eleitorado que aguardava ao menos uma indicação feminina para o posto vitalício. Nas eleições passadas Dino se declarou pardo à Justiça Eleitoral. O perfil combativo de Flávio Dino como ex-ministro enfrenta maior resistência entre os senadores do que o indicado anterior de Lula, seu ex-advogado Cristiano Zanin.
Ainda ontem (27) durante sessão legislativa, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) criticou, em pronunciamento, a indicação do ministro da Justiça. “Eu faço aqui um apelo para que os senadores reflitam sobre isso. Imagine o ministro Flávio Dino, que já é assim como ministro, que é subordinado ao Executivo, que deve satisfação aqui ao Congresso Nacional e, da forma como ele desprezou, como é que ele vai se comportar como semideus lá no Supremo Tribunal Federal? Então, eu quero aqui alertar toda a população. Nós não podemos admitir que tenhamos uma pessoa que desconsidera a democracia de fato. Porque, no discurso, o discurso deles é de democracia, mas na prática são ditadores. São pessoas que querem a miséria de todos”, declarou.
Os senadores bolsonaristas já anunciaram que devem votar contra a indicação de Dino por considerarem que o jurista não preenche os requisitos de “notório saber jurídico” e “reputação ilibada”, que são fundamentais para ocupação da cadeira no STF.
O governo Lula já articula a aprovação dos nomes indicados em conversas com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O Senado Federal não recusa indicações de ministros ao STF desde 1894.