A Polícia Civil de Goiás cumpriu, na manhã desta quarta-feira (9/4), 16 ordens judiciais contra um grupo suspeito de manipular resultados em partidas de futebol, especialmente em partidas da Série B do Campeonato Brasileiro. Entre os investigados, estão jogadores, treinadores e dirigentes de clubes profissionais.
Intitulada “Jogada Marcada”, a operação da Polícia Civil de Goiás é conduzida pelo Grupo Antirroubo a Banco (GAB), da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia.
Foram mobilizados policiais do Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, além de Goiás para cumprir ordens judiciais de prisão e de busca e apreensão nesses seis estados. As fraudes movimentaram, ao menos, R$ 11 milhões ilicitamente.
Ao todo, foram expedidos nove mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão temporária. Um dos alvos, o ex-árbitro de futebol Dguerro Batista Xavier, foi preso em João Pessoa, com apoio da Polícia Civil daquele estado do Nordeste, por meio da Delegacia de Defraudações e Falsificações da Capital paraibana.
O ex-árbitro já estava afastado desde a Operação Cartola, em 2018, que investigou fraudes no futebol paraibano, mas ainda mantinha articulações e contatos no meio esportivo e atuava como árbitro amador. À TV Cabo Branco, de João Pessoa, Dguerro afirmou que não sabia o motivo da prisão e negou envolvimento nos crimes apontados pela investigação.

A investigação do esquema teve início após um dos aliciadores tentar convencer o presidente do Goianésia Esporte Clube a participar do esquema, sem saber que ele também era delegado. O criminoso chegou a oferecer uma bonificação para o presidente de R$ 300 mil.
‘Esse presidente do clube, que à época não estava disputando a série B do Campeonato Brasileiro, foi procurado pelo aliciador para que, através dele, houvesse uma intermediação para que outros times que disputariam o campeonato com a intenção de fornecer valores de até R$ 1 milhão para o time que estivesse disposto a aceitar esse acordo, oferecendo, para o intermediador desse time, até R$ 300 mil”, explica o delegado Eduardo Gomes, do GAB/Deic, que disse ainda que o presidente do clube goiano então repassou as informações à Polícia Civil.
O intermediador foi identificado como pessoa que mora no estado do Espírito Santo, com vários vínculos com a área do futebol.
“Imaginando que ele não se restringiria somente a essa tentativa de corrupção do presidente do time goiano, a investigação conseguiu confirmar outras atuações criminosas dele, na manipulação de resultados, porém, até o presente momento, nada com nenhum time goiano. Mas em vários outros estados há vínculos dele tentando manipular e influenciar resultados de jogos, sempre com uma linha de atuação em pequenos times, onde, segundo ele, consegue ter mais acesso por ser equipes de pouco recursos financeiros, sendo mais fácil corromper jogadores, técnicos e até presidentes”, acrescentou o investigador.
Ainda segundo a Polícia Civil, o valor de R$ 11 milhões movimentados pelas fraudes aconteceram também por meio de plataformas de apostas, já que a manipulação de jogos tinha como finalidade garantir que envolvidos no esquema fizessem apostas já sabendo, de antemão, o resultado de jogos. A Polícia Civil no informou quais jogos teriam sido alvo de manipulação.
A polícia não divulgou os nomes dos demais suspeitos que integram o grupo investigado na operação e, por isso, o PORTAL NG não obteve um posicionamento da defesa até a última atualização desta reportagem.
As apurações seguem com o objetivo de identificar todos os participantes da organização e esclarecer o alcance das manipulações realizadas.