O pacote de redução de despesas a ser anunciado nesta quarta-feira (27/11) pelo governo federal abordará supersalários no serviço público e impostos sobre grandes fortunas – afirmou na tarde desta quarta-feira o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. Em entrevista coletiva para detalhar a criação de 132,7 mil postos de trabalho em outubro, o ministro antecipou alguns aspectos das medidas.
“Supersalários, imposto para super-ricos, vem tudo aí. Pacote completo”, afirmou Marinho.
Questionado se o pacote também inclui aumento de correção na tabela do Imposto de Renda, o ministro simplesmente respondeu: “Tudo”, sem entrar em pormenores.
Quanto ao seguro-desemprego, Marinho comentou que não haverá alteração nas regras. De acordo com o ministro, a proposta chegou a ser debatida no pacote, mas não foi adiante.
“Não há mudança de regra para o seguro-desemprego, por exemplo, mas vamos aguardar os detalhes. Se não eu vou furar o olho do colega [ministro da Fazenda, Fernando Haddad]. [O pacote] será muito diferente do que estava sendo desenhado até então”, disse. Em relação ao abono, Marinho nem confirmou nem descartou modificações.
Medidas serão anunciadas em cadeia de rádio e TV
Marinho confirmou que o pacote a ser revelado às 20h30min, em cadeia de rádio e TV, pelo ministro Fernando Haddad será explicado nesta quinta-feira (28) em entrevista coletiva. Há um mês, o governo tenta enviar medidas de redução de gastos obrigatórios que evitem, até 2027, o descumprimento do limite das despesas do arcabouço fiscal. Em vigor desde o ano passado, o marco fiscal limita o aumento real (acima da inflação) das despesas do governo a 70% do crescimento real das receitas, restrito a 2,5% acima da inflação por ano.
Em outubro, Marinho chegou a anunciar que pediria demissão caso o Ministério do Trabalho não fosse consultado na elaboração do pacote. Nesta quarta-feira, o ministro afirmou ter mudado de opinião porque conseguiu colocar suas “impressões digitais” nas medidas.
“Eu disse [em outubro] que, se não fosse ouvido, eu pediria demissão. Mas fui envolvido. Participei do debate. Hoje Haddad fará o pronunciamento. Amanhã serão anunciados os detalhes. Lá tem as minhas digitais nos debates lá colocados”, afirmou.
Medidas atingem militares
Na segunda-feira (25), Haddad confirmou que o pacote também trará medidas para reformar a previdência dos militares, reformular o Vale Gás e limitar os supersalários no funcionalismo público federal.
Na entrevista desta quarta-feira, Marinho disse que o pacote de corte de gastos é necessário para ajustar o ritmo de crescimento dos gastos ao das receitas.
“A PEC [proposta de emenda à Constituição] da Transição resolveu um problema herdado do governo anterior e resolveu que a economia funcionasse por dois anos. Agora é preciso ajustar a velocidade de despesas com receitas. No ano passado, o Congresso não aprovou todo o desejado [pelo governo]”, declarou. (Com informações da Agência Brasil)