Hoje é 21 de novembro de 2024 09:40

PF cumpre mandados de busca contra Gustavo Gayer e assessores

Deputado está sendo investigado em processo sigiloso no Supremo por peculato, falsidade ideológica e associação criminosa
Investigação da PF diz que Gayer desviou recursos públicos da cota parlamentar para uma escola de inglês e uma loja de roupas em nome do filho dele em Goiânia // Fotos: Ag. Câmara/PF

O deputado federal Gustavo Gayer (PL) foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal nesta sexta-feira (25/10). Cerca de 60 policiais cumprem 19 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, Cidade Ocidental, Valparaíso de Goiás, Aparecida de Goiânia e Goiânia. Além da residência de Gayer, os policiais foram a seu gabinete, em Brasília, e a casas de seus assessores.

A operação foi realizada por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O congressista está sendo investigado em processo sigiloso no Supremo por peculato, falsidade ideológica e associação criminosa.

Foi determinada busca e apreensão pessoal e domiciliar de Gayer e seus assessores. Moraes decretou que a polícia buscasse “armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, bem como de quaisquer outros materiais relacionados aos fatos descritos”. Cerca de R$ 70 mil foram apreendidos com um assessor do deputado.

De acordo com a PF, a partir da prisão preventiva de João Paulo de Sousa Cavalcante, por ter participado dos atos extremistas do 8 de janeiro, uma análise dos dados contidos no seu celular mostrou potenciais condutas ilícitas do deputado Gustavo Gayer, envolvendo desvio de recursos públicos para financiar os “atos antidemocráticos”.

A Polícia Federal apurou que o deputado desviou recursos públicos da chamada cota parlamentar para uma escola de inglês, a Gayer e Gayer Idiomas Ltda., e uma loja de roupas, a Desfazueli – que está em nome do filho do parlamentar.

“A análise dos dados extraídos das mídias eletrônicas apreendidas revelou indícios de que o Deputado Federal Gustavo Gayer teria utilizado espaço físico (Rua T-38, nº 147, QD 116,LT 11, Setor Bueno, Goiânia/GO) alugado com verbas de cota parlamentar, supostamente destinado ao funcionamento de Gabinete Parlamentar, para a operação da empresa Loja Desfazueli e da escola de inglês Gayer Language Institute”, diz trecho da decisão do ministro do STF.

“Além disso, as mídias extraídas na busca e apreensão teriam revelado que os secretários parlamentares de Gustavo Gayer eram utilizados, no espaço físico locado com verbas de cota parlamentar, para atender às demandas da Loja Desfazueli”, prossegue o magistrado.

A Desfazueli está em nome de Gabriel Sander Araujo Gayer, filho de Gustavo Gayer. Os valores mensalmente pagos através de cota parlamentar para alugar o imóvel variam, desde fevereiro de 2023, de R$ 6 mil a R$ 6,5 mil. A prática configuraria, em tese, o crime de peculato desvio, segundo Moraes.

Deputado ataca Moraes e chama PF de ‘jagunço de ditador’

Logo depois da operação, Gayer divulgou nas redes sociais um vídeo em que ataca o ministro Alexandre de Moraes pela busca e apreensão e chama a PF de “jagunço de ditador”, numa referência ao magistrado.

“Esse é o Brasil que a gente tá vivendo agora, é surreal o que estamos vivendo. Onde isso vai parar? Vieram à minha casa, levaram meu celular, HD. Essa democracia relativa está custando caro para o nosso país”, disse Gayer.

“Eu não sei por que estou sofrendo busca e apreensão, numa sexta-feira, dois dias antes das eleições, claramente tentando prejudicar o meu candidato Fred Rodrigues”, reclamou o deputado, no vídeo.

“Eu falei para a PF que estava aqui: ‘Não estou acreditando que essa corporação que a gente tanto admirou, que a gente tanto tentou proteger, hoje viraram jagunços de um ditador’. Sinceramente, esse é o momento que a gente começa a perder a esperança mesmo”, completou.

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