Hoje é 1 de junho de 2025 05:04

PGR pede ao STF autorização para investigar Eduardo Bolsonaro

Procurador-geral acusa deputado licenciado de atuar contra autoridades brasileiras, buscando sanções nos EUA contra Alexandre de Moraes para coagir STF
Eduardo Bolsonaro se mudou para os EUA para dar repercussão internacional à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que pode ser condenado por tentativa de golpe no país // Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal autorização para abertura de inquérito para investigar o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por suas articulações nos Estados Unidos que, segundo o órgão, teriam como objetivo constranger autoridades brasileiras. A PGR entende que Eduardo articula sanções dos EUA ao ministro Alexandre de Moraes para “coagir” o STF.

A representação aponta que Eduardo Bolsonaro tem feito postagens em redes sociais e concedido entrevistas a veículos de imprensa internacionais com “manifesto tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na Ação Penal” que investiga os envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023.

“Essas manifestações (de Eduardo) têm-se intensificado na medida em que a Ação Penal n. 2.668 evolui nos seus trâmites. Essa é a ação penal em que o pai do sr. Eduardo Bolsonaro, foi denunciado como líder de organização criminosa concatenada para atentar contra o Estado de Direito, o regime democrático e o funcionamento dos Poderes”, diz Paulo Gonet, procurador-geral da República, em pedido enviado ao STF.

Além do pedido da PGR, a ação tem como base uma representação criminal protocolada pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), no último dia 22. O deputado petista solicita que o Ministério Público apure eventual prática dos crimes de atentado à soberania nacional, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo.

Um dos pontos centrais do documento é a denúncia de que Eduardo Bolsonaro incentiva sanções internacionais contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apoiando declarações recentes do senador e secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, nesse sentido. Eduardo também teria se reunido com outras lideranças ligadas ao ex-presidente Donald Trump, em um movimento classificado como “ofensiva sem precedentes”.

As ações, de acordo com a Procuradoria, têm como pano de fundo a tentativa de criar pressão internacional sobre decisões do Judiciário brasileiro, interferindo diretamente em processos envolvendo o pai do parlamentar, ex-presidente Jair Bolsonaro, e aliados políticos.

Outro trecho contundente do documento da PGR afirma: “As evidências conduzem à ilação de que a busca por sanções internacionais a membros do Poder Judiciário visa a interferir sobre o andamento regular dos procedimentos de ordem criminal, inclusive ação penal, em curso contra o sr. Jair Bolsonaro e aliados.”

A PGR ainda avalia que tais condutas, caso confirmadas, configuram grave ameaça ao funcionamento das instituições democráticas brasileiras, e reforça a necessidade de investigação para apurar se houve violação de prerrogativas constitucionais e práticas criminosas que atentem contra a soberania nacional.

Caso o Supremo Tribunal Federal autorize a investigação, Eduardo Bolsonaro poderá ser intimado a prestar esclarecimentos sobre suas recentes atividades e declarações no exterior. Até o momento, o parlamentar ainda não se pronunciou oficialmente sobre o pedido.

A solicitação de Gonet foi encaminhada ao presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, e distribuída para Moraes, que é relator na Corte do inquérito das fake news e da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.

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