Hoje é 22 de dezembro de 2024 15:23

Polícia prende outro anestesista suspeito de sedar e estuprar pacientes em hospital

Médico colombiano, que atuava em hospitais renomados particulares e públicos, filmou o próprio abuso dele com outras mulheres durante cirurgias; ele também é investigado por produzir e armazenar pornografia infantil

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta segunda-feira (16/1) um médico anestesista colombiano suspeito de sedar pacientes e estuprá-las. Andres Eduardo Oñate Carrillo, de 32 anos, teria cometido o crime com ao menos duas mulheres. Esse é o segundo caso semelhante em menos de um ano.

Segundo a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima, Andres Eduardo filmou o próprio abuso dele com outras mulheres durante cirurgias. Em uma das filmagens, é possível ver que ele esfrega e introduz o pênis na boca da mulher.

Andres Eduardo atuava tanto em hospitais públicos quanto particulares. Ele foi preso na Barra da Tijuca, em casa. A mulher dele abriu a porta para os policiais, que acordaram Andrés ao lhe dar voz de prisão.

Ele foi preso após a Justiça expedir mandado de prisão provisória e de busca e apreensão nos endereços dele.

O colombiano também é investigado por produzir e armazenar pornografia infantil em um inquérito já remetido à Justiça. Foi a partir desta investigação que a polícia descobriu os abusos, que agora são investigados.

Investigação partiu de suspeita da Polícia Federal

As investigações contra o médico colombiano começaram em dezembro, a partir do compartilhamento de informações do Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil da Polícia Federal (PF).

À época, a PF identificou a possibilidade de vasta movimentação de arquivos pornográficos em posse de Andres e encaminhou o caso à Polícia Civil.

Diante das suspeitas, foi autorizada a quebra de dados em compartimentos do celular do suspeito. Com isso, foram encontradas mais de 20 mil mídias de abusos infantis.

“Quando vimos, logo de início, tratamos como casos de estupro, partindo do princípio de que ele mesmo teria produzido. Mas precisávamos avançar na identificação das vítimas e materializar os crimes”, explica o delegado titular da Dcav, Luiz Henrique Marques.

“Pelos metadados dos vídeos, certificamos a localização do suspeito no ato da gravação, identificando os hospitais e descobrindo os dias. Aí partimos para a tentativa de descobrir as mulheres ali sedadas. Com as listas de pacientes operados nos dias, fomos buscando características físicas e eliminando possibilidades até chegar às pacientes”, completa.

Vítimas se reconheceram em filmagens de abusos

De acordo com a Polícia Civil, os vídeos que Andrés gravou foram mostrados às vítimas, que se reconheceram, mas não tinham ciência de que haviam sido estupradas.

O primeiro crime aconteceu no dia 5 de dezembro de 2020 no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, Região dos Lagos, durante a realização de uma cirurgia de laqueadura.

O segundo foi em 5 de fevereiro de 2021 em uma das salas de cirurgia do Complexo Hospitalar Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, da UFRJ, durante um procedimento para retirada de útero.

À polícia, uma delas contou que a sedação foi tão intensa que era semelhante à de um parto de cesárea, tendo ela ficado totalmente desacordada por mais de duas horas.

A direção do Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth informou que colaborou com a Polícia Civil na investigação que levou à prisão do médico anestesista. 

“Todas as informações solicitadas pela polícia foram levantadas e repassadas. O médico deixou de atuar na unidade em setembro de 2021”, disse.

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho afirmou que “o médico Andres, colombiano, não atua mais na unidade desde fevereiro de 2021”.

A prisão de Andres acontece menos de um ano depois da denúncia contra outro anestesista no Rio de Janeiro. Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, por estuprar uma mãe durante o parto, no Hospital da Mulher Heloneida Studart. 

Ele foi denunciado por uma enfermeira que desconfiou do comportamento do colega e escondeu um celular na sala de cirurgia, gravando o momento em que Giovanni colocou o pênis na boca da paciente.

Ele está preso em Bangu 8.

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