O senador Miguel Uribe Turbay, pré-candidato à presidência da Colômbia pelo Centro Democrático, está em estado crítico em hospital após ser baleado em um evento de campanha em Bogotá. O político de 39 anos, do maior partido de oposição, de centro-direita, havia anunciado sua intenção de concorrer nas eleições do próximo ano.
Ele foi atingido por dois disparos na tarde de sábado (7/6) no distrito de Fontibón, segundo a Procuradoria-Geral da República. A polícia deteve um adolescente de 15 anos com uma pistola Glock.
Vídeos mostram Uribe discursando à multidão antes de ouvir os tiros. Ele caiu ao chão e foi socorrido por policiais e civis, que o levaram às pressas para uma ambulância.
O partido informou que os disparos atingiram as costas do senador durante o evento.
Em declaração na noite de sábado, o presidente Gustavo Petro condenou o ataque e prometeu “caçar” os responsáveis.
“Nenhum recurso deve ser poupado, nem um único peso ou um único momento de energia, para encontrar o cérebro… Onde quer que eles vivam, seja na Colômbia ou no exterior”, disse Petro.

Ele apontou que criminosos vêm explorando menores de idade e anunciou uma investigação independente para identificar os “autores intelectuais”, possivelmente ligados a “chefes do crime” que ordenam assassinatos políticos.
A esposa de Uribe, Maria Claudia Tarazona, pediu orações no X: “Miguel está lutando por sua vida neste momento. Peçamos a Deus que guie as mãos dos médicos que o estão tratando.”
A Fundação Santa Fé de Bogotá informou que ele passa por “procedimentos neurocirúrgicos e vasculares periféricos” e que seu estado é estável, porém crítico, segundo a procuradora-geral Luz Adriana Camargo.
Uribe é senador desde 2022 e lançou pré-candidatura em outubro de 2024, no local onde sua mãe foi assassinada. Defensor da segurança e de atração de investimentos, declarou na ocasião: “Pude buscar vingança, mas escolhi perdoar sem esquecer”.
Líderes condenam ataque e reforçam defesa da democracia
O governo e o Centro Democrático condenaram o ataque ao senador de forma “categorial e contundente”.
“Este ato de violência é um atentado não apenas à integridade pessoal do senador, mas também à democracia, à liberdade de pensamento e ao exercício legítimo da política na Colômbia”, afirmou a Presidência.
O ministro da Defesa, Pedro Sánchez Suárez, anunciou recompensa de US$ 730 mil por informações que levem à captura dos responsáveis.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, condenou o ataque “nos termos mais fortes possíveis”, chamando-o de “uma ameaça direta à democracia”. Ele atribuiu o crime à “violenta retórica esquerdista vinda dos mais altos escalões do governo colombiano” e pediu o fim da “retórica inflamatória”.

O presidente Gustavo Petro rejeitou tentativas “oportunistas” de usar o atentado para “fins políticos”.
O Centro Democrático classificou o episódio como “um ato de violência inaceitável”.
“Rejeitamos veementemente este ataque, que não só coloca em risco a vida de um líder político, mas também ameaça a democracia e a liberdade na Colômbia”, afirmou o partido.
Quatro ex-presidentes – Ernesto Samper, Álvaro Uribe Vélez, Juan Manuel Santos e Iván Duque – também manifestaram indignação.
O presidente equatoriano, Daniel Noboa, enviou orações à família de Uribe e declarou “condenamos todas as formas de violência e intolerância”.
Na virada dos anos 1980 e 1990, época em que a mãe de Uribe foi assassinada, a Colômbia viveu um dos piores surtos de violência política, com diversos candidatos presidenciais mortos.
Mibuel Uribe integra uma nova geração de políticos descendentes de vítimas de violência, como o prefeito de Bogotá Carlos Fernando Galán, filho de Luis Carlos Galán, assassinado em 1989. Sua rival no Senado, María José Pizarro, também carrega essa herança trágica: ela é filha de Carlos Pizarro Leongómez, morto em 1990 enquanto disputava a Presidência pelo M-19.