Parlamentares da Coreia do Sul apresentaram nesta quarta-feira (4/12) um projeto de impeachment contra o presidente Yoon Suk Yeol. A proposta ocorreu após Yoon declarar lei marcial, revertendo a medida algumas horas depois, o que gerou uma crise política na quarta maior economia da Ásia.
Na noite de terça-feira (horário local), a declaração de lei marcial surpreendeu o país, um aliado estratégico dos Estados Unidos. A medida provocou um impasse com o Parlamento, que rejeitou a tentativa de Yoon de proibir atividades políticas e censurar a mídia. Tropas armadas tentaram invadir o prédio da Assembleia Nacional em Seul, agravando a situação.
O Partido Democrático (PD), principal força de oposição, exigiu que Yoon renunciasse ou enfrentasse um processo de impeachment.
“Não podíamos ignorar a lei marcial ilegal”, afirmou o parlamentar Kim Yong-min, do PD.
“Não podemos mais deixar a democracia entrar em colapso”, acrescentou.
Seis partidos de oposição formalizaram o pedido de destituição de Yoon no Parlamento, com a votação prevista para sexta-feira (6) ou sábado. Enquanto isso, profundas divisões emergiram dentro do Partido do Poder Popular, de Yoon. O líder da legenda pediu a renúncia do ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, e de todo o gabinete. O Ministério da Defesa confirmou que Kim apresentou sua renúncia.
Na terça-feira à noite, Yoon justificou a declaração de lei marcial em um discurso à nação. Ele afirmou que a medida era essencial para proteger o país contra “forças antiestatais pró-Coreia do Norte” e preservar a ordem constitucional. No entanto, não detalhou nenhuma ameaça específica.
A situação se agravou quando tropas tentaram tomar o controle do prédio do Parlamento. Após confrontos com assessores parlamentares, que usaram extintores de incêndio, e com manifestantes do lado de fora, os militares recuaram. Mesmo assim, eles declararam que as atividades parlamentares e políticas estavam suspensas e que a mídia seria controlada pelo comando da lei marcial.
Desafiando o cerco militar, parlamentares votaram rapidamente para suspender a lei marcial. Dos 300 membros do Parlamento sul-coreano, 190 estavam presentes, incluindo 18 do partido de Yoon, e a moção foi aprovada por unanimidade.
Cerca de seis horas após proclamar a lei marcial, Yoon revogou a medida. A decisão provocou comemorações do lado de fora da Assembleia Nacional, onde manifestantes vibraram e aplaudiram a reviravolta.