Em greve desde o dia 29 de abril, professores e servidores administrativos da rede municipal de educação de Aparecida de Goiânia realizaram, na manhã desta terça-feira (6/5), uma manifestação na sede da Câmara Municipal e pediram apoio dos vereadores para tentar encontrar uma solução para a greve. Enquanto o sindicato afirma que só 20 escolas da rede não pararam, a prefeitura aponta outra realidade. Segundo a prefeitura, das 93 unidades escolares do município, 13 unidades estão com atividades totalmente paralisadas, 43 com paralisação parcial e 37 com atividades ocorrendo normalmente.
Entre as demandas, os trabalhadores pedem a concessão das progressões verticais e horizontais previstas no plano de carreira, pagamento da gratificação por titularidade, além de realização de concurso público e melhorias em geral nas estruturas das escolas.
Mas o principal ponto, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), é o pagamento do reajuste do piso nacional dos professores, que deveria ter sido feito em janeiro.

“A prefeitura apresentou uma proposta do reajuste da data-base e do reajuste em maio, mas não vai pagar o retroativo dos professores, que é devido desde janeiro. Aí a categoria não aceitou”, disse Valdeci Português, representante regional do Sintego, ao PORTAL NG.
Segundo ele, a deflagração da greve poderia ter sido evitada, caso esse ponto fosse resolvido.
“Não foi apresentada nenhuma proposta para este ponto, que tem um custo de pouco mais de R$ 7 milhões, que é valor do retroativo do piso dos professores”, acrescentou Português, que utilizou a tribuna da Câmara para pedir apoio dos vereadores.
Câmara se propõe a mediar impasse

Presidente da Comissão de Educação da Câmara, o vereador Professor Clusemar (Podemos) afirma que vai tentar mediar a situação.
“A gente sabe que infelizmente a prefeitura está numa situação muito difícil, com um déficit financeiro muito grande, mas não podemos tensionar, os professores puxarem para um lado e o Executivo para o outro”, declarou.
“Como presidente da Comissão de Educação, irei mediar, porque esta Casa nunca foi contra os servidores públicos, principalmente da educação”, acrescentou, ao apontar negociação e conversas como caminho para buscar distensionar.
Prefeitura alega dificuldade financeira e aponta prejuízo para milhares de alunos
Prefeitura de Aparecida afirma que propõe pagar o novo Piso dos Professores a partir de maio e discutir o pagamento do retroativo referente aos meses de janeiro a abril
Nesta terça-feira, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia informou que, por meio das secretarias de Educação, Fazenda e Procuradoria-Geral, propôs, em reuniões realizadas na sexta-feira (25) e na segunda-feira (28), o pagamento do novo Piso Nacional dos Professores a partir da folha de maio.
“Ainda assim, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) decidiu deflagrar greve nesta terça-feira (29), prejudicando milhares de alunos das Escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) do município”, informou em comunicado à imprensa.

Ainda segundo a prefeitura, a proposta de reajuste foi apresentada pela administração com a garantia de envio imediato de projeto de lei à Câmara Municipal para regulamentação. Além disso, a prefeitura afirma que sugeriu a criação de uma mesa de negociação permanente para discutir o pagamento do retroativo referente aos meses de janeiro a abril e tratar de outras pautas da categoria, respeitando os limites financeiros do município.
“Estamos fazendo todos os esforços possíveis para pagar o piso dos profissionais da educação, o que é justo, mas herdamos uma dívida de mais de R$ 500 milhões da gestão anterior e ainda estamos quitando acertos salariais de dezembro”, afirma a secretária municipal de Educação, Núbia Farias.
“Já deixamos garantido o pagamento integral a partir de maio e propusemos diálogo permanente para tratar das demais reivindicações, de forma responsável e transparente, mas não foi aceito”, alega.
O procurador-geral do Município, Fábio Camargo, destaca que o município não se nega a pagar os servidores.
“Mas é preciso atuar com responsabilidade para não comprometer os serviços públicos essenciais e a própria folha de pagamento”, argumenta.
A prefeitura afirma que, desde janeiro de 2025, adotou uma política de austeridade para equilibrar as contas, garantindo o pagamento em dia de salários e fornecedores, além de quitar R$ 58 milhões da folha de dezembro/2024. Outras demandas, como concurso público (suspenso judicialmente) e titularidades, dependem de decisões judiciais para avançar.
“Permanecemos abertos ao diálogo para chegarmos a um denominador comum que não prejudique os serviços públicos nem os servidores da Educação”, concluiu o procurador-geral Fábio Camargo.