O Bate-Papo NG do dia 1º de novembro, com as vereadoras Aava Santiago (PSDB-Goiânia) e Camila Rosa (PSD-Aparecida de Goiânia) tratou de assuntos importantes que foram pauta do tema da Redação do Exame Nacional do Ensino Médio realizado quatro dias depois no domingo, dia 5. As parlamentares falaram sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na dupla jornada da vida profissional e familiar, e também destacaram os desafios das mulheres na vida política. Elas falaram sobre as estruturas da sociedade brasileira e dos tipos de violências que as mulheres sofrem para alcançarem e manterem posições de poder.
Aava, que é socióloga formada pela Universidade Federal de Goiás, fez críticas ao machismo e ao patriarcado que, segundo a parlamentar, ainda está institucionalizado na sociedade brasileira. “Nós mulheres com um cansaço político e estrutural. Desde que nascemos enfrentamos assédio sexual e moral, insultos a nossa capacidade. Nosso primeiro presente é uma boneca, enquanto os homens ganham presentes para ganhar o mundo como carrinhos, aviõezinhos e peças de montar prédios. 70% do trabalho não-remunerado no mundo é feito por mulheres e se isso fosse colocado em dinheiro, seria três maior do que o PIB brasileiro”, destacou.
A parlamentar da capital, que nasceu no estado do Rio de Janeiro, também ressaltou os desafios enfrentados por mulheres para se tornarem candidatas em um pleito político-eleitoral. “Para um de nós decidir se tornar candidata, já enfrentamos toda essa estrutura da qual falei. A candidatura de mulheres não é o primeiro passo, ela é o resultado de uma série de outros passos e de infelizmente milhares de outras mulheres que ficaram para trás. Aí você chega lá e pensa. Venci. Meu diploma vale a mesma coisa que os outros vereadores, mas isso vale até a hora que você não segue a cartilha do que se espera de uma mulher na política que é ser satélite de projetos masculinos na política”, desabafou.
Camila Rosa corrobora com o relato da colega de parlamento. “Chegar e permanecer são desafios. A todo tempo temos que dizer e provar que somos capazes, o que muitas vezes não é necessário para os homens. Digo isso com tranquilidade por viver isso e acreditar que toda mulher na política vive isso. Isso nos deixa com medo de que mulheres se afastem da política. Não queremos só 30% da cota de candidatas, queremos 50%. Lutamos por equidade na política”, reforçou.
A vereadora aparecidense em primeiro mandato explicou o mecanismo de disputa existente entre homens e mulheres no mercado de trabalho e na política. “Quando falamos da disputa por espaços de poder e liderança temos a seguinte situação. Quando se abre uma vaga de liderança em uma empresa com vaga para ambos os sexos os homens são os primeiros a falar assim: eu vou, sou candidato. Já as mulheres dizem. Será que eu vou? Eu preciso estudar um pouco mais. Vou falar com minha mãe, ver o que meu marido acha. Quando ela decide disputar a vaga já foi preenchida. E muitas vezes na política é assim também. Ela fica se preparando. Estudando cenário e aí quando ela resolve se candidatar é no ano da eleição e aí já não há espaço para se disputar com os homens”, destacou.
O Podcast Bate-Papo NG é realizado às 19h de quarta-feira e, eventualmente, na segunda-feira, com convidados representativos dos diversos segmentos sociais, políticos e empresariais. É transmitido ao vivo pelo Youtube nos canais do PORTAL NOTÍCIAS GOIÁS (CLIQUE AQUI).
