Vereadores ouvidos pela reportagem do PORTAL NG se posicionaram contrários ou veem com ressalva a decisão de terceirizar o serviço de coleta de lixo da capital, que é feito pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Nesta terça-feira (12/9), o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) afirmou que trabalha para concluir edital de licitação para terceirização da coleta de lixo na capital. O objetivo, segundo o prefeito, é atender às necessidades da população.
Henrique Alves (MDB) afirma que a Comissão Especial de Inquérito da Câmara Municipal que investigou suspeitas de irregularidades na empresa pública “comprovou a questão da má gestão”. Para o vereador, isso “está muito claro”, uma vez que, na opinião dele, em outras gestões o serviço era prestado a contento.
“Agora, terceirização do serviço, tem que ter um motivo muito forte para isso acontecer. Sou favorável até a uma terceirização da frota da Comurg, porque realmente você cuidar da parte mecânica, peças, é complicado”, diz Alves, apontando risco para os servidores, que ficariam em desvio de função.
“Então, antes de se falar nisso, tem uma série de coisas que tem que ser pensadas e planejadas, para que principalmente a população não perda, seja com gastos desnecessários ou com a questão da prestação do serviço, que é o principal”, acrescenta.
A terceirização da coleta do lixo, segundo o prefeito, permitirá que a Companhia se dedique à urbanização. Isso, na avalição de Rogério Cruz, vai corrigir gargalos na limpeza urbana.
“Em 1995, houve uma grande crise do lixo nas ruas de Goiânia. Não chegamos a essa crise e nem chegaremos. Queremos tranquilizar a população, pois estamos trabalhando, recorrendo a recursos próprios da prefeitura, para que possamos, juntos, manter a cidade limpa. A Comurg tem problemas históricos e estamos buscando soluções”, afirma o gestor da capital.
No mesmo sentido, Paulo Magalhães (União) não concorda com a terceirização. Para ele, falta vontade política de auxiliares do prefeito para manter a cidade limpa.
“Discordo, porque antes de deixar a prefeitura Iris Rezende comprou todo o maquinário, caminhões e tratores novos, de forma que está faltando vontade por parte de alguém que não quer trabalhar”, diz.
“O Rogério tem feito a parte dele, mas ‘Diga com quem tu andas, que direi quem tu és’, não está tendo uma boa companhia”, alfineta.
Também ouvido pela reportagem do NG, Juarez Lopes (PDT) considera importante terceirizar algumas áreas, devido ao grande volume de serviço, porém preservando a mão de obra, os servidores da Comurg.
“Alguns setores têm que ser terceirizados mesmo, como frota de caminhões, mas mantendo os motoristas, por exemplo”, sugere.
Audiência pública para discutir rumos da empresa
Também contrária à terceirização do serviço de coleta de lixo na capital, a vereadora Kátia Maria (PT, foto) afirma que o correto seria aprimorar o serviço prestado pela Comurg e não entregar à iniciativa privada, já que, para ela, a empresa tem expertise no ramo, ao contrário do que alegam gestores do município.
“Dizer que não tem expertise não condiz com o histórico da empresa”, pontua, acrescentando que é o momento é propício para debater o serviço prestado pela companhia, como a coleta seletiva de lixo produzido pelo goianiense.
“Não dá pra gente permitir que seja feita a terceirização, passando pra iniciativa privada, sem um debate profundo com a sociedade. O poder público precisa prestar conta do serviço de limpeza urbana, afinal é a população que paga por esse serviço”, acrescenta a vereadora.
Kátia Maria já tem requerimento pronto para realizar audiência pública, no dia 28 deste mês, para debater a situação da Comurg. Ela vai chamar para participar a população, trabalhadores e gestores da empresa. “A prefeitura tem que ajustar com a Comurg, pagando um valor justo pelo trabalho prestado, a Comurg precisa aprimorar muito seu processo de gestão, fazendo o equilíbrio financeiro da empresa, mas precisamos qualificar e valorizar os trabalhadores que ali estão”, explica.